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sábado, 27 de fevereiro de 2010

POEMA XVIII

Aviltar-me nos tropeços desta vivência,
em busca do horizonte status,
é a alma sofrida de sofrer o ser.

O ser - idealizado homem para o homem.

O ser - realizado irmão para o irmão.

O ser - viborarizando sua meta pelas mãos do ego.

O ser - de olhos abertos, mas cego.

POEMA XIX

Das cidadelas da vida retiro minha calmaria,
vou-me estrada afora com os passos da alegria,
buscando reencontrar nas plagas distantes
as horas felizes de antes.

Que se fui feliz,
a vida me diz que voltarei a sê-lo.

Que se quedei sofrido,
não é que falhei, falhou-me o ente querido.

O vento me diz na canção eterna dos tempos
que a continuidade
faz retornar a felicidade.

Ela retorna, viajante, de verão em verão
(de tempos em tempos),
nos abandona apenas nos invernos da vida,
nevando saudade no coração.

POEMA XX

Nevando saudade no coração...

Palpita-nos a vida omitida de alegria,
é de nostalgia
que se alimenta nossa canção.

Nasce grito perdido nos ecos da dor,
lamúrios sofridos do ser,
que teve nas mãos o amor
e não soube manter.

Angústia...angústia que magôa minha alma,
volta a tua morada de prantos
no longínquo deserto dos desamores,
na gruta labirinto profundo dos desesperos,
na hiléia selvagem desconhecida dos despropósitos,
e faz retornar a minha calma...

...que só com a paz,
com o silêncio no coração da alma,
é que poderei retornar aos braços do amor.

POEMA XXI

Na alucinante alcatéia de seres ímpios me perco em busca da esperança,
do reencontro com a paz,
que, se estou só, em minha estrada, não é minha a culpa,
falhou-me a vivência...negada.

Habito minha morada terrena,
de ásperas batalhas,
escarpadas colinas de se escalar,
que do ódio faço provir amor,
que do sonho tresloucado da plena felicidade,
espero torná-lo minha plena realidade.

 Dúbio se cala o pensamento,
espera no silêncio da alma,
que a qualquer momento escute o ser.

Silêncio no caminho do homem,
não é com ele que fala o ser;
coagula o coração de incertezas,
já não sabe o destino de sua meta,
pois, se vive, sente-se, em vida, posto morto.
...que se lúcido, sente-se, na angústia, absorto.

POEMA XXII

O meridiano da vida e da morte, do ser,
é paralelo cotidianamente à sua vivência,
acompanha os passos do destino qual sombra megera
que encerra uma íntima espera.

A vida, que aspira sua plena permanência,
jogada as marés das asperezas humanas,
subjuga-se a tirania de alheias vontades.

Adorme residencial nos braços do amor, esposo,
e,
labuta no dia sob obrigações do senhor, escravo.

 Das vivências o ser retira proveitosas lições de ego,
torna-se, pouco a pouco, mais surdo aos apelos servis de humanidade
e menos cego as alternativas do desdém ímpio do ser.

Sufoca em si os gritos da alma,
maculando o espírito,
acariciando o corpo mulher de dádivas terrenas,
se joga aos braços diurnos/noturnos da ignomínia.

Do ego retira o supremo sumo,
da alma subtrai a crença,
na vida multiplica a pose da posse.

POEMA XXIII

Lá me vou estrada afora buscando ultrapassar as marés das interpéries da humana vivência,
que não é fácil andarmos para a frente,
resolutamente,
quantas vezes caimos,
tropeçamos,
e nos levantamos a cada degrau vencido? ...ou cedido?

As imagens transcorrem diante dos meus olhos,
aflitos,
que dura surdez,
que cruel cegueira,
impede a humanidade de ouvir, ver e calar,
ante os alheios gritos.

A  guerra, o ego, a morte, o desespero da fome...
O pouco amor!

Que estúpido não é o homem ao buscar sua sorte.
Seu paraíso não é de paz - é de desterro;
sua busca não é de vida - é de morte;
sua luta não é de justiça - é de indiferença;
e sua esperança não é de amor - é a satisfação...do ego.

POEMA XXIV

O homem permaneceu no silêncio da noite,
olhava a imensidão do universo na sua infinidade,
dando-se conta da sua pequenez...

Imerso em seus pensamentos submergiu para o passado e quedou pasmo
ante as tolices colhidas em sua própria vivência,
de aprendiz de homem.

Reviveu cada tombo, cada percalço, cada sutil vitória,
e julgou retornar mais sapiente ao presente,
revigorado de descobertas,
achando-se preparado aos passos vindouros da sua história.

Vai, agora, em busca de sua futura trajetória,
não que adivinhe o caminho, mas perdeu o medo,
pois em sua crença estão cinemadas as alternativas provindas da memória.

Se protege constante, antes de receber o golpe,
aplica sua medicina, preventiva,
afasta o obstáculo, daninho,
dando um passo adiante...confiante.

POEMA XXV

Me perco nas nebulosas inquietudes da noite,
sinto em meus sentidos tensos
a presença de todas as minhas supertições,
esquecidas pelo homem do dia,
lá no subconsciente tão pleno de meandros
e superfícies sobrepondo superfícies...

Que se me acho hoje um homem completo,
talvez, na realidade,
não tenha ainda siquer começado a me edificar.

É na noite profunda de mistérios e medos
que nos apercebemos de nossa pequenez,
e da nossa finitude,
o quão sutil não é o fio que nos prende a vida.

Os medos todos explodem quais fogos de artifícios, na memória,
que se nos parece por demais sem conteúdo
as lutas e conquistas já ultrapassadas em nossa trajetória.

De pequeno que me sinto,
me recolho a concha de minha própria intimidade,
buscando encontrar lá nas profundidades obscuras, que me prostraram ao medo,
a chama que reilumine os meus passos...

É, então, que percebo o quão é evidente,
nas dúvidas e medos que sinto e temo,
a presença de um ser supremo.

É NELE que vou encontrar a calma necessária prá me refazer dos meus percalços,
dos tombos, das dores, cotidianas em minha vida,
abraçado a crença de que nada pode ou é maior do que o seu amor
e a sua justiça...

Logo, é no dia seguinte que encontramos a resposta do porque choramos,
ou sorrimos, hoje.

POEMA XXVI

O homem desfila diante de si o memorial de suas  andanças:
desvairadasórgias notrunas de amantes sem rostos ou nomes;
intuitivas decisões profissionais embasadas nas artimanhas do poder,
da posição previlegiada;
deturpadas emoções nascidas da mente saturada de um egocentrismo atroz,
que não permite outra satisfação que não a própria subsistência,
com sobras,
mesmo que pisando o irmão de luta pela mesma sobrevivência.

Numa determinada hora, dar-se-á conta desta condição que se assenhorou de sua alma
e lançar-se-á em busca da remição,
que de ora endiante não se bastará  para si,
que de ora endiante tornará profícua suas núpcias com a vida,
dando por receber,
dando por dar,
dando doando meramente doando.

De náufrago nos mares das desemoções de suas já passadas andanças,
resgata sua vida para a nascitude de suas doações,
que de ora endiante gerará plenas de desvelo ao amor.

Habitarão sua alma as alternativas do ser...
Dá vivência emotiva aos apelos da alma e do corpo:
...pela alma, situa-se guerreiro em prol do bem querer.
...pelo corpo, lança-se febril amante buscando as descobertas sensíveis do amor.

POEMA XXVII

Circunstancial é a presença cotidiana da poesia,
nasce perecível de morrer,
de ser,
de permanecer enraizada em mim.

Se nasce transparecendo pureza em seu jorrar,
qual riacho entre pedras de florestas e colinas,
expele de meu íntimo o transbordar de carinho
pela singeleza das coisa pequeninas,
qual o esvoaçar das libélulas,
qual o cantarolar do bem-te-vi,
que tantas, tantos, na minha meninice os acompanhei e vi.

Se nasce assediada de amorosidade,
qual mulher cinemada entre lençóis,
exposta aos desejos fundamentados de paixão do seu homem,
que lhe procura encontrar diuturnamente em seu afã de carinhos,
quando se dão dão um ao outro,
pouco se lhes importando se seu leito é feito de pétalas de rosas, ou se de espinhos.

Se nasce, nascendo, isenta de sua sorte,
nem só de alegrias vivem minhas emoções,
nem só de utopias vivem minhas descobertas,
antes,
condiciona os passos das minhas ilusões
a todos os caminhos...
Até mesmo, num acompanhamento de braços dados,
busca retratar as alternativas daquela que um dia será minha própria morte.

POEMA XXVIII

Hoje, decortinei uma realidade antiga
que teimava em desconhecer,
por não sentir em meu íntimo a vontade de ser consciente,
esmorecer.

A vivência humana é uma loucura total,
quem não pisa o irmão para subir um degrau na escalada da vida,
serve-se degrau,
e desce descendo,
descendo desce,
degrau permanecendo...

Mas sempre há o degrau mais fraco,
servindo-se degrau,
apoiando o reescalar,
pisar, pisando, ser pisado...até morrer.

POEMA XXIX

O pássaro depredador paíra no ar observando a vítima
e desce num mergulho que surpreende
e mata,
obedece um instinto que toma em si o sentido de ação legítima, chama-se sobrevivência.

Mas o homem...o homem age comandado pelo domínio do ego,
suplantando o raciocínio humano permanece incólume ao apelo servil,
satisfaz todas as suas não tão vitais necessidades,
sem atentar ao pesadelo vívido transcendendo ao seu redor,
sem coabitar este mundo paralelo ao seu,
sem chorar os prantos escorridos dos rostos deformados pela dor.

Situa-se de lado , absorto,
habita e coabita uma solidão,
com a satisfação de um ego alimentado de palavras vãs,
em sintonia com o despropósito do seu inútil conceber..acredita que vive!

Nem percebe quando chora,
nem percebe quando ri,
esta inutilizado para a convivência...

Seus passos são meras continuidades,
geradas pela fria determinação do seu destino,
êrmo,
frio,
siquer há lógica no seu transbordar,
de tal forma que as horas dos seus dias são barrentas
como as de um rio em transe de cheias,
que a tudo aniquila e desrespeita.

...mas, chega o dia,
lhe barram os passos,
lhe prostram ao chão,
e, como o rio controlado entre barragens,
prisioneiro, sem perspectivas,
suas alternativas são provindas do mando.
Este que deixou de ser seu,
tal qual igual ao que o ego concebeu.

Jaz, qual outros jaziam outrora,
vencido, esvaziado do poder,
acompanha a massa populosa dos que tiveram em suas mãos os dons da igualdade
e da irmandade
e não as souberam decifrar.

POEMA XXX

Há uma inquietude na densa noite que se estende,
é como se me fosse dito o sinal dos tempos,
este que encerra em seu bojo o último suspiro,
nos conduzindo,
quiçá cavalgando os ventos,
ao portal da casa de Deus,
onde prostraremos em fé o jorrar dos nossos arrependimentos.

Fico atinando minha existência,
esperando encontrar nos caminhos percorridos
um pouco mais do que não só inconsequência.

É sábio quem sabe o tamanho da sua pequenez
e jamais se proclama um dos eleitos D'ELE.
Somos todos tão diferentemente iguais,
e no entanto não pouco
se elege o homem num momento louco
aprópria similitude para com o criador.

Olvidados do temor,
amantes acorrentados ao ego,
arrojados e no entanto cegos,
sublimam os passos do desamor,
digerindo em suas vidasnum antepasto cotidiano,
a alegria de sobreviverem a alheia dor.

Há uma inquietude na densa noite que se estende,
o medo se me faz companheiro,
me sorri, matreiro,
dissimulando seu tédio de quem tudo entende,
nas interrogações vertidas em minhas orações.

De que vale o leito de um rio,
se nele não estiver vicejando o verdejar da água?
De que vale a vida de um homem,
se nela não estiver estampada indelével o sobreviver do amor.

É, assim...acabrunhado,
diante desta densa noite que me assusta,
que encontro a resposta as minhas interrogações, sejam quais forem,
singelas, perenes...injustas!

...é o amor coabitado pelo ego?
...é o ego diretriz maior em minha vida?

Se amo, busco e gero...dou e quero!

Venero o jorrar desta aceitação,
e, é em paz, que a madrugada me traz o cantar da passarada,
fica para traz, acoitada, a dúvida fugaz na noite acometida,
em que me encontrei, só e nú, nú e só, diante das minhas realidades...

Aqui, descortino afinal o meu destino,
é preciso a mescla em minha vida,
que eu seja um homem por inteiro,
mas com a alma de um menino.

POEMA XXXI

O espaço finito de uma existência tem de ser plenamente concebido
com sua sempre renovada cotidiana realização.

Deste fato me permito
lançar meu grito
e busco o gabarito
da permanente realidade
que é a minha busca pela felicidade!

Mas choro a infelícia feito constante em minha existência...

Que meu soluço seja uma presença na tua indiferença,
ó vida,
e eu possa te encontrar em outra fotografia
que a que ora habita a minha grafia.

Que os meus passos extraviados de temores e medos,
de incertas alternativas,
de óbvios desdéns,
se reencontrem com a alegria de conviverem em paz
na nascitude de minhas decisões,
na tomada de minhas posições.

Que eu possa pesar o sim e o não,
que eu saiba realmente encontrar meu verdadeiro caminho,
alimentando de amor minha única devoção.

Que de passos extraviados com plenos enganos estão os meus dias,
que de buscas frustradas por desamores estão minhas pequenas alegrias.

Que eu saiba encontrar o portal da grande alegria,
esta que me sobreviverá permanente a alma,
esta que me manterá em equilibrio o corpo fortalecido,
esta que me doará constante sua paixão
e que se traduzirá minha maior descoberta,
minha maior doação,
minha maior premiação.

Terei em meus braços, em minha vida,
a presença concebida da criatura mais querida,
enraizada no meu amor.

Seremos até o fim dos dias,
como duas plantas em um só vaso,
nos alimentaremos da mesma fonte,
nos conduziremos coabitando as mesmas raízes.

Seremos plenos pelo fato de possuirmos a sabedoria do amor,
ao nos perdoarmos mutuamente as falhas e descuidadas indiferenças,
manteremos alimentado em cotidiano renovado
a sobrevivência de um viver apaixonado.

POEMA XXXII

Os descaminhos são passagens submergidas da fuga,
é neles que buscamos e encontramos o porvir dos nossos medos
e das nossas covardias.

Se tremo na decisão de me aceitar como sou,
é porque mais dúvidas
do que certezas
habitam minhas interrogações
e alternativas...

Se lamento os descompassos dos meus malfadados passos,
é porque realmente não tenho fé plena na estrada que se estande a minha frente
e coabito na ilusão
esta paralela à minha devoção.

Se me perco diante dos sinais concebidos,
pela absorção dos meus próprios ais,
é porque não tenho a coragem de interpretar minhas próprias certezas,
e habito minha vida com os despropósitos desta covardia,
que a torna tão fria,
triste, vazia,
tão sem valia.

Se me lanço como um louco em busca do descortinar minhas realidades
é porque explode a necessidade de que eu próprio entenda minhas atrofias,
destas mazelas que me estraçalham a vida...

Aposto tudo em um só caminho,
só, mas amando, busco o permanecer deste carinho...
Vou, sou.
O homem compenetrado em seu destino,
embora o que lhe sobreviva a vida
seja o jorrar desta esperança
do amor lhe retornando por salvação e crença.

POEMA XXXIII

Se na noite surge uma vaga esperança,
de se entender o porque da solidão,
é porque realmente o desamor ainda não tomou conta no nosso coração
edas nossas emoções.

Se somos um só na trilha de uma vivência,
o fato é que ou não nos sabemos fazer amar,
ou nós é que não sabemos dosar o poder do amor,
e não o sabemos conceber.

Há em toda procura
uma receita a lhe ditar a cura,
nos cabe aplicar a medida certa
e tomar a estrada do rumo absoluto,
onde não haja a dor ou o luto,
e seja a busca ao amor um apelo permanente
e resoluto.

Há na solidão uma realidade ativa,
esta na esperança que habita nossa alma
e a torna cativa, são reflexos do desamor.

Sofro o lamento o abandono profundo,
mas há uma renovação cotidiana em meu mundo,
nasce da comoção em que foi lançada minha alma...

Assim, dou nascitude a este poetar,
que, embora me exclua da convivência com o verbo amar,
me acalenta e me acalma,
torna profícua a chama da saudade,
pela mulher que já não me ama
e pela qual meu amor reclama.

POEMA XXXIV

Domingando...

Adomingado domingo acordei preguiça,
lembrando a segunda passada de sofrido engano,
saudoso a terça amante voltou a memória amada,
febril me chegou a quarta de anteanteanteontem adoentada,
passiva se originou a quinta aquém da sexta sábado pró domingo,
em que me vi infeliz me entregando ao ego,
atroz continuidade continuou a sexta doendo amor prostrado,
e sábado chegou alívio presença da amada me rezando vida apaixonada...

Cá, adomingando, me deito deitado a cama prazer
e palpito teu corpo fechado
sentindo abrir-se a porta do céu feito busca
e meu "x" habitou o "y" do teu segredo.

Voltamos a nós vencidos apetecendo nova luta achego
e nos entregamos a amorosa guerra de vencermos um ao outro,
vencidos quedados ao mesmo tempo!

Voltei à adomingar falido o físico fortalecida a alma
preguiçando malícia por ser feliz.

POEMA XXXV

Quando eu caminhava estrada afora, solitário,
buscando no pensamento encontrar inspiração,
ela chegou de mansinho e me deu a mão...

Nem percebi quando chegara, só que alí permanecia.
Como outrora trazia nos lábios o sorriso criança,
no coração o amor desabrochando,
no corpo a pureza me esperando.

Busquei fechar os olhos com medo de sonhar,
mas não, ela estava alí, permanecia,
era, no momento, a felicidade renascendo;
fui cinemando sua presença fazendo-a crença:
...ela viera do passado ou do futuro?
...ela viera doar-se ou possuir-me?
...ela viera alvorada ou sol se pondo?

Sim...voltava de outrora,
para doar-se mulher,
plena, inteira, pura, guerreira,
neste irrequieto nascer de sol.

Cabe a mim conservá-la liberta no meu amor:
que eu me permaneça seu amado,
que eu me doe seu homem,
que eu me gere sua alvorada,
que eu possa manter nossa união ao perfil de uma mesma trajetória,
que seja minha a sua história.

POEMA XXXVI

O vento soprou meu rosto
e continuou seu caminho
em busca de outro paradeiro...

A saudade habitou-me, possuindo-me,
e eu me cedi, entregando-me.

A mulher voluptuosa relembrou-me a cena íntima
já passado
e quedei pasmo...

Saudade - espada a sangrar-me desejo!

Reamei o gozo,
reaconcheguei o corpo,
conquistando fiz renascer aclames
e lágrimas de prazer.

Foi novamente minha aquela que tão ausente já permanece
e que meu instinto não esquece.

POEMA XXXVII

HOMEM! Escuta esta poesia,
ela nasceu rude advertência,
a tua contínua inconsequência.

Abandona a triste foto/fotografia/grafia
que se gra de tua condição ego erro errante,
niilista ao passar do tempo
e busca criar concepção ante a nascitude atitude de tua existência,
torna teu viver vindo pleno plena penitência.

Que é por sofrer que se ama,
que é por amar que se doa,
que é por doar que se obtém.

POEMA XXXVIII

A gaivota voou, encarou o oceano
 e não voltou...

Cansou-se no ar
e caiu no mar.

O homem dormiu e não acordou...

Jogou-se ao sonho
fugindo do viver peçonho.

O poeta silenciou sua palavra liberta,
permanecendo a página deserta.

POEMA XXXIX

Quando a vida parecia estar morrendo,
a alma estarrecida diante da soledade,
e o coração amargo semeava a maldade,
um lume acende-se reiluminando meu caminho.

E eu que já não acreditava no amor,
reamei sua gestação
dando a mim mesmo uma outra chance
de um reencontro com minha emoção,
e ela me habitou, me subjugou a sua vontade,
sancionou meu viver à saudade,
primeiro passo para um retorno à felicidade.

Agora, já não mais gero a desalegria,
nem tristeza, nem solidão,
pois acompanhando meus passos outros passos,
outro corpo posto livre na corrente carinho que são meus  braços.

É a vida se fazendo presente, prenhe,
onde outrora se cultivava a dor,
a morte num suicídio lento, basto,
hoje se cultiva o amor.

POEMA XL

Nos atropelos desta noturna madrugada, solitária companheira,
nas atrofias dilaceradas de minha alma enclausurada,
me habito de saudades, buscando coabitar os dias de outrora,
das alegrias desprentenciosas,
das horas felizes e amenas,

Como um pássaro cativo fugindo de sua gaiola,
me liberto deste presente doentio,
deste amor amorcegado,
desta prisão chamada desamor,
e busco no regato das ilusões
um pouco de paz e esquecimento às minhas reclusões.

Recupero minhas concessões, na liberdade apercebida,
me jogo a fantasia de estar desapaixonado,
de não conviver com um amor frustrado,
prostrado a sua castração,
busco doar a quem eu possa e me queira amar.

Permaneço por momentos liberto das algemas cotidianas,
transfigurado,
me visto de renovadas amorosidades,
e parto em busca de outras realidades...

Outro homem é este que caminha lento na noite amanhecendo,
desaudoso, desrecluso do sentimento amortecido,
de perdedor busca se habituar em ser um vencedor,
talvez equecendo o quanto já foi vencido.

Outro homem é este que respira o ar da cerração amadrugada,
repeliu do íntimo a síndrome de uma alma aprisionada,
escalou sua própria remissão
quando alcançou o cimo das dores desta despaixão
e pode ver nú e crú o vazio que morava em seu coração.

Porque chega a ser covardia
se dar asas a uma poesia,
amortalhada de desenganos,
sitiada de silenciosos gritos febris,
insanos, quase desumanos.

POEMA XLI

Há uma consciência querendo dar sua vazão no descomedido do meu viver,
síndrome de desacertos sobrepondo desacertos,
de lascivas paixões se atropelando,
de mercenárias atitudes se coabitando,
de aviltado que me sinto, pleo de tédio,
já não é possível,
tem de acabar esta comédia em que se transformou o jorrar dos meus dias.

É preciso que eu expurgue o deboche destas complexas necessidades
e retorne ao apego de um amor,
único,
verdadeiro, cativo/senhor,
fascinado pelo fato de me transbordar de paz,
de me habituar à paz.

Que reflita em minha alma esta descoberta amena,
é uma semente sutil, pequena,
mas o iniciar de sua nascitude,
fecundada, irradiada, atitude,
me jubila e me acalma.

Sou o ser apaixonado pelo futuro,
há no caminho vindouro uma expectativa de que se abra a concha guardiã dos meus mais plenos sentimentos
e eu retorne ao convívio do amor.

Deixa vir a estrada de pedra, rude,
entre pedras nascem orquídeas, e cactos,
assim tem que ser uma vivência:
macia, apesar das pedras postas no caminho,
por se estar convivendo com as doações
de um cotidiano de renovado carinho.

Orquídeas são alegrias com seus perfumes inebriantes,
com suas delicadas formas femininas;
cactos ainda que tristezas esvaecidas,
encondem abaixo de seus desprentenciosos espinhos 
o sitiar nascituro de belas flores,
é como na vida, a saudade, que nos leva de volta aos nossos amores.

POEMA XLII

Últimos poemas

               I

Na noite aconchegada, amadrugando,
vem-me, pela música transcendendo ilusões,
o ultimato das minhas emoções...

Renasço à vida,
doo-me solto por viver,
doo-me pessoa por ser,
doo-me homem por amar,
sou, o habitante noturno,
viajante da madrugada,
afogando as mágoas de mim mesmo...diurno.

Concebo os passos de uma dança sensual,
busco, fatal,
na parceira do momento,
o fim do meu lamento.

Em desalinho, o homem desfila suas enraizadas despaixões,
buscando sossegá-las no labirinto na memória,
desaudoso...

Quanta fuga vã,
sempre há uma sutileza na noite,
seja num rosto assemelhado, na melodia, mesma atrofia,
eis o renascimento da saudade.

Sobrevivo, todavia,
alimento na noite a alma,
para, em saga, transpassar o dia,
nasça, poesia, liberta o homem.

Renasço à vida,
pássaro descativo, em cantoria,
vôo no passo concebido, obtido,
ganho ao mundo,
possuo o sonho, profundo,
do homem sem grilhões,
lhe aprisionando as paixões.


                       II


Talvez até se explique esta lágrima no rosto,
anoitado,
exposto,
só o que não se explica é o porque desta solidão,
perdurando no meu coração.


                        III


Há no momento presente
a fugaz presença de um amor por descobrir
que meu instinto pressente.

Surge, qual miragem, no horizonte do meu íntimo,
desaparecendo ao ato de se tentar tomá-lo,
dando-me siquer ínfima esperança de lutar,
por domá-lo.

Como possuir o que não existe?
Como alicerçar um castelo de areia?
Porque perdurar uma chama que se alimenta do sangue das nossas emoções?
Porque não saciar esta dor, e sufocar este amor?

Se estou só, habitante do mundo,
e há silêncio no coração, melhor assim,
enfim,
há paz no cinemar da minha concepção.
...sou um homem por renascer!


                         IV


Sou sabedor da minha derrota,
sou vencedor da minha miopia,
abro os olhos teimosos de não querer ver
e me lanço à vida.

Estou liberto...pertenço ao mundo,
sou vosso.
                    

TRES POEMAS DESESPERADOS

                                                     I

Minhas emoções estão atropeladas de desamparo,
indecifráveis na confusão a que foi prostrada a minha alma,
se sei o quero...não sei o que tenho,
se sei o que sinto...não sei o que gero,
se sei o que grito...não sei o que transmito,
e por isso permaneço com o coração dilacerado
por um permanente presumível desamor.

Minhas idéias estão mescladas,
enevoadas pelos meus prantos,
certezas e dúvidas se cruzam num choque que me faz sentir todas as impossibilidades de uma decisão que tem que ser minha...do homem;
mas que atente aos apelos do amor
e que não ouse causar em meu íntimo o explodir da dor;
pois, se sei oque devo fazer, me reparto,
e permaneço louco;
se sei o que esperam que eu faça, degenero,
e mais um pouco me torno louco,
pouco a pouco;
se sei o que vou fazer, apresso o passo rumo ao ato
e me entrego ao fato
de não poder fugir às chagas desta paixão.

É certo, só quem ama, como amo,
é capaz de entender a decisão que tomo:
é preciso que eu ame o amor,
sem ele permaneço vazio,
e sua falta me consome,
qual câncer, mortal, me matando,
sempre com fome.

Habita, amada, a minha morada,
torna paralela a minha a tua estrada.

Deixa-me te amar por inteiro, pleno,
não permita,
não desista,
não me sacrifica as dores de um câncer que se alimenta de desamor.

Aposta na tua vida, querida,
te joga sem medo aos meus braços,
como um poeta à sua poesia;
não dilacera nossas vidas à saudade,
não nos separe com os descompassos de uma decisão tão plena de covardias...

É preciso coragem para viver
e mais ainda para sobreviver o conceber do amor,
do nosso amor!

                      TE AMO!



                                                          II



No silêncio persistindo em minha alma,
apesar do burburinho de gente ao meu redor,
percebo as evidências da minha carência,
e me dou conta com dor, forte, pesada,
submissa,
de como é triste, triste,
se amar quem não nos tem amor.

É a água faltando ao sedento,
é a fome desvalindo ao faminto,
é o ar escasso sufocando o respirar
e esta ânsia louca de amar, de amar...de amar!

Percebo, podemos até sorrir, gargalhar,
mas os olhos estão sempre traindo a nossa tristeza,
esta doença acometida em nosso interior,
esta chaga aberta, sem cura,
de presente permanente profunda dor,
por não se obter o retorno...ao nosso amor!

Que fazer? Como sufocar a vivência de um amor prisioneiro, em agonia?
Como dar um fim a nascitude desta diária saudade,
que sangra,
que me explora sem considerações e sufoca em desalinho minha pobre alma?

Como, como arrancar este amor tão possesso,
que me fere até ao âmago o meu ego?
Porque estar com os olhos abertos, mas cego?

Ah! O amor, te amo, mulher...meu Deus!
Não há como fugir do inevitável,
faz parte de minha vida,
está acoplado em mim, enraizado,
o desejo quase doentio de fazer sobreviver
o teu renascer.

Amo...amo, mulher te clamo, escuta meu grito,
profundo, dorido, magoado, te chamo,
absorvo o lamento, o gemido,
o dessentido de te amar, e sonho,
doido, varrido, que estou amando o teu amor,
que estas coabitando o meu viver...

E choro...acordando!



                                             III


Na amplitude dos meus sentidos,
encontro a porfia dos ultimatos de mim vertidos,
são paixões atropeladas, desvairios,
decisões desencontradas...buscas falidas,
como se fosse possível substituir um amor,
como se fosse possível transplantar para qualquer mulher
as atrações daquela que se quer.

Encontro na noite poluída de carências mal dissimuladas
todas as presenças de mulheres, sedentas,
desesperadas,
tanto quanto eu transtornadas,
vivendo convivendo com as ilusões partidas,
desamparadas de um dia de amanhã,
alimentadas de momentos, febris fomentos,
onde o riso pouco a pouco se transforma em lamento.

Uma loira sorri matreira, jovem, sensual...nada banal.
Uma morena me vê, me atrai, me aconchega...quase fatal,
alimenta meu ego, diz que sou demais e satisfaz os meus instintos...
Se conquistei ou fui conquistado, não importa,
terminado o interlúdio, mal se fecha a porta, dilacero, desespero,
pois nada disto me sublima,
nada disto é o que quero...

Ah! Mulher descaminho, ausente,
até onte, até quando persigirei teu rastro,
me bastando ver teu rosto na multidão,
me bastando a saudade vida por te ter,
por viver teu ser,
neste sonhar que me aconchega ao teu carinho.

Mas que dura realidade
permanentemente
é esta me afastando do teu caminho,
e este NÃO tão grande, determinado,
de tanto ardor,
meu desalinho...

Assumo, é dor,
não te deixarás conceber, em ti,
em mim, no meu ser,
o sobreviver deste amor.





ÚLTIMO POEMA

                                   DESCOBERTA


Na noite presente me lanço ao convívio da mulher que me busca,
sou o habitante noturno apaixonado pelas viagens da paixão,
sou o onipresente me doando a cada instante de tensão,
sou o homem aprisionado ao fato de que não me basto,
sou a origem da idéia compartilhada por viver esta vivência permanentemente explorada pelas doações mútuas,
sou a nascitude de uma busca de sublime concepção,
me dôo por inteiro ao corpo/alma, que me atrai,
pleno, ao acasalamento desta gestação.

Somos o todo, pertencemos ao mundo,
é nosso o relacionamento mais profundo,
é nosso o beijo transcendo ao sexo,
é nosso a descoberta de que somos muitos num só,
algo aparente absurdo, tão complexo,
por sabermos que somos plenos em nossas emoções,
por acreditarmos nas palavras vindas aos nossos lábios:
...te quero!
...te adoro!
...te amo!

Somos o reduto emotivo destas condições,
temos no viver as alternativas cotidianas das paixões,
possuímos no corpo as energias contidas buscando evasões,
queremos perenes a calmaria e o sufoco nas nossas relações.

Somos o homem por se descobrir,
a mulher etérea vindo por se doar,
por se abrir,
por me possuir.

Temos no momento presente,
o ideal de todos os vivos,
a busca de todos os imortais,
plenos por possuirmos todas as alegrias,
todos os ais,
somos donos da felicidade irrestrita,
podemos gritar, sem medo:

...vivo, pois te quero,
vivo, pois te adoro,
vivo, pois te AMO!

ULTIMAS PALAVRAS


         Das coisas da vida só sabe quem realmente as viveu, fica aqui, à você que esteve comigo, minha mensagem de fé, fé na vida, fé nas pessoas, fé no amor e principalmente, fé em mim mesmo.
         Toma, se quiseres, um pouco do aprendizado que me foi transferido ao dar nascitude aos poemas de "Chora Solidão", mas lembra: o sofrimento se esvai nos nossos lamentos, mas a lição permanece na memória, sem saudades, e nos dá o itinerário dos passos que virão.

NOTA: 
Com estas palavras encerrei o livro quando de sua publicação, é evidente que, hoje, meus poemas sofreriam muitas mudanças, talvez nem tanto nos sentidos, mas na forma, nos verbos, e em alguns momentos, na condução das frases. Normal, imagino, muita água já passou debaixo da ponte, afinal, lá se vão vinte e seis aninhos...ah, meus trinta e cinco..ufa. Mas a vida compensa, perde-se de um lado, ganha-se de outro, hoje, procuro fazer tudo com mais prudência, e conteúdo.

Quem sou eu

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Sou Nedi Nelson, como profissional abraço a contabilidade e nesta me realiza a auditoria; como pessoa sempre sublimei ler e escrever, a poesia é lugar comum, hoje vivencio o romancear; como hobby e paixão descobri as orquídeas, o estudo, o cultivo e por fim o descortinar de suas florações..e eis que minha alma transcende o poetar. Viver o entreabrir de uma orquídia me é palco sensível para deixar fluir o poema. A idéia é criar três seções específicas, uma para partilhar a palavra escrita, seja por meio de poemas, contos ou romance, estejam publicados ou não, que venham a ser publicados ou não; outra para cultuar, via fotografias e textos, as minhas orquídeas; e outra para falar de minhas viagens, via fotografias e textos, seja quando a trabalho nos contextos da auditoria, em minhas folgas, seja especificamente a lazer .

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