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sábado, 27 de fevereiro de 2010

TRES POEMAS DESESPERADOS

                                                     I

Minhas emoções estão atropeladas de desamparo,
indecifráveis na confusão a que foi prostrada a minha alma,
se sei o quero...não sei o que tenho,
se sei o que sinto...não sei o que gero,
se sei o que grito...não sei o que transmito,
e por isso permaneço com o coração dilacerado
por um permanente presumível desamor.

Minhas idéias estão mescladas,
enevoadas pelos meus prantos,
certezas e dúvidas se cruzam num choque que me faz sentir todas as impossibilidades de uma decisão que tem que ser minha...do homem;
mas que atente aos apelos do amor
e que não ouse causar em meu íntimo o explodir da dor;
pois, se sei oque devo fazer, me reparto,
e permaneço louco;
se sei o que esperam que eu faça, degenero,
e mais um pouco me torno louco,
pouco a pouco;
se sei o que vou fazer, apresso o passo rumo ao ato
e me entrego ao fato
de não poder fugir às chagas desta paixão.

É certo, só quem ama, como amo,
é capaz de entender a decisão que tomo:
é preciso que eu ame o amor,
sem ele permaneço vazio,
e sua falta me consome,
qual câncer, mortal, me matando,
sempre com fome.

Habita, amada, a minha morada,
torna paralela a minha a tua estrada.

Deixa-me te amar por inteiro, pleno,
não permita,
não desista,
não me sacrifica as dores de um câncer que se alimenta de desamor.

Aposta na tua vida, querida,
te joga sem medo aos meus braços,
como um poeta à sua poesia;
não dilacera nossas vidas à saudade,
não nos separe com os descompassos de uma decisão tão plena de covardias...

É preciso coragem para viver
e mais ainda para sobreviver o conceber do amor,
do nosso amor!

                      TE AMO!



                                                          II



No silêncio persistindo em minha alma,
apesar do burburinho de gente ao meu redor,
percebo as evidências da minha carência,
e me dou conta com dor, forte, pesada,
submissa,
de como é triste, triste,
se amar quem não nos tem amor.

É a água faltando ao sedento,
é a fome desvalindo ao faminto,
é o ar escasso sufocando o respirar
e esta ânsia louca de amar, de amar...de amar!

Percebo, podemos até sorrir, gargalhar,
mas os olhos estão sempre traindo a nossa tristeza,
esta doença acometida em nosso interior,
esta chaga aberta, sem cura,
de presente permanente profunda dor,
por não se obter o retorno...ao nosso amor!

Que fazer? Como sufocar a vivência de um amor prisioneiro, em agonia?
Como dar um fim a nascitude desta diária saudade,
que sangra,
que me explora sem considerações e sufoca em desalinho minha pobre alma?

Como, como arrancar este amor tão possesso,
que me fere até ao âmago o meu ego?
Porque estar com os olhos abertos, mas cego?

Ah! O amor, te amo, mulher...meu Deus!
Não há como fugir do inevitável,
faz parte de minha vida,
está acoplado em mim, enraizado,
o desejo quase doentio de fazer sobreviver
o teu renascer.

Amo...amo, mulher te clamo, escuta meu grito,
profundo, dorido, magoado, te chamo,
absorvo o lamento, o gemido,
o dessentido de te amar, e sonho,
doido, varrido, que estou amando o teu amor,
que estas coabitando o meu viver...

E choro...acordando!



                                             III


Na amplitude dos meus sentidos,
encontro a porfia dos ultimatos de mim vertidos,
são paixões atropeladas, desvairios,
decisões desencontradas...buscas falidas,
como se fosse possível substituir um amor,
como se fosse possível transplantar para qualquer mulher
as atrações daquela que se quer.

Encontro na noite poluída de carências mal dissimuladas
todas as presenças de mulheres, sedentas,
desesperadas,
tanto quanto eu transtornadas,
vivendo convivendo com as ilusões partidas,
desamparadas de um dia de amanhã,
alimentadas de momentos, febris fomentos,
onde o riso pouco a pouco se transforma em lamento.

Uma loira sorri matreira, jovem, sensual...nada banal.
Uma morena me vê, me atrai, me aconchega...quase fatal,
alimenta meu ego, diz que sou demais e satisfaz os meus instintos...
Se conquistei ou fui conquistado, não importa,
terminado o interlúdio, mal se fecha a porta, dilacero, desespero,
pois nada disto me sublima,
nada disto é o que quero...

Ah! Mulher descaminho, ausente,
até onte, até quando persigirei teu rastro,
me bastando ver teu rosto na multidão,
me bastando a saudade vida por te ter,
por viver teu ser,
neste sonhar que me aconchega ao teu carinho.

Mas que dura realidade
permanentemente
é esta me afastando do teu caminho,
e este NÃO tão grande, determinado,
de tanto ardor,
meu desalinho...

Assumo, é dor,
não te deixarás conceber, em ti,
em mim, no meu ser,
o sobreviver deste amor.





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Quem sou eu

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Sou Nedi Nelson, como profissional abraço a contabilidade e nesta me realiza a auditoria; como pessoa sempre sublimei ler e escrever, a poesia é lugar comum, hoje vivencio o romancear; como hobby e paixão descobri as orquídeas, o estudo, o cultivo e por fim o descortinar de suas florações..e eis que minha alma transcende o poetar. Viver o entreabrir de uma orquídia me é palco sensível para deixar fluir o poema. A idéia é criar três seções específicas, uma para partilhar a palavra escrita, seja por meio de poemas, contos ou romance, estejam publicados ou não, que venham a ser publicados ou não; outra para cultuar, via fotografias e textos, as minhas orquídeas; e outra para falar de minhas viagens, via fotografias e textos, seja quando a trabalho nos contextos da auditoria, em minhas folgas, seja especificamente a lazer .

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