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domingo, 28 de fevereiro de 2010

Cotidiano Face 32

Meu hoje...

Estou perplexo pelas possibilidades da vida, percebendo cada vez mais a minha pequenez,
não que me sinta inferior a alguém, somos todos nós tão assemelhados em nossas
/ disparidades,
ainda que ricos ou pobres, andorinhas ou gaviões, no âmago somos tão iguais;
não que os meus sentimentos estejam soterrados pelas minhas imperfeições,
pelo contrário, são elas que os vivificam e me fazem a cada manhã reacender as chamas
/da minha humanidade;
não que a minha crença no ser humano como um todo esteja amortalhada pela nossa
/ animalidade,
apesar das desatinadas mortandades de irmãos ceifando irmãos em nome de religiosidades
/ ímpias, e burras, de um egocentrismo atroz,
me é o humano um ser maravilhoso, no simplismo quase inconcebível mas eterno de
/ sermos almas;
não que tenha fechado as portas da minha amorosidade diante dos percalços assumidos
/das minhas perdas,
foram estas dolorosas e insanas experiências que me frutificaram mais sensível e apegado
/ aos apelos do amor,
sou hoje muito mais do que ontem um homem que busca muito mais dar do que receber;
não que tenha cansado de labutar nos labirintos da encardida concorrência profissional,
deu-me a idade atalhos que dantes desconhecia, sou hoje muito mais eu do que ontem,
sem temer os avanços temerários e as vezes desconcertantes da jovem globalizada
/ informática.
Perplexo, estou, é porque a cada dia que passa e me torno mais idoso,
talvez até um pouco mais sábio, ou seria menos ignorante,
talvez até um pouco mais frágil, ou seria menos resistente,
talvez até um pouco mais família, ou seria menos egoísta,
talvez até um pouco mais consternado, ainda que compreensivo,
ou seria mais consciente,
enfim, hoje, percebo em cada aresta, em cada flor, em cada rosto,
no todo que me rodeia,
a presença de um elo de infinita concepção, permanente, universal,
que me traz a certeza de poder conversar com Deus.
O que me maravilha é que posso fazê-lo quando, onde e no momento que quiser.


Poema escrito em 2010

Cotidiano Face 31

Meu ontem...já tão antigo!

Amotinados tenho os meus pensamentos, desenraizados da apatia,
colhendo informações nas reminicências cinemadas das minhas vivências,
tenho-te, ó coração, alimentado com as emoções do meu passado...

Seja em branco e preto, ou em tecnocolor, ante as imagens colhidas nesta cinematografia,
fica brando e enternecido nas descobertas primaverís de um adolescente enamorado;
fica afoito e compromissado poetando as alegrias amorosas de um jovem apaixonado;
fica maravilhado e magoado nas agruras responsáveis de um pai desenraizado;
fica extraviado e descrente de todas mulheres usando de sua sensual sexualidade colhendo-as em momentânea posse para obter uma emoção que não possui;
fica atordoado e faminto nas doações sem limites de uma paixão perigosa e desenfreada,
para ver sua alma quebrar finalmente despedaçada, entregue entre a volúpia e a obsessão;
e sua vida afundar num ópio desvalido, de perdição, entre a insanidade limítrofe e a
solidão...

Reconstruir minha alma foi uma incessante busca do PAI, tanto lhe pedi perdão, tanto lhe
pedi coragem;
remontar os cacos em que se viu jogada a minha vida foi um alicerçar de pequenas
descobertas,
em que me foram companhia, um cão com suas alegrias de um quase guri,
uma pequena morada na pobreza de suas frestas cinemando o dia e a noite,
um rio alternando cheias com vazantes mas sempre generoso por alimentar minha fome
e purificar meu corpo,
e, afinal, o tempo em que transformei um desespero temperado com dor e lágrimas
num renascimento em que cimentei fé, humanidade e esperança
como se fossem os ditames do meu caminho.

Poema escrito em 2010

Cotidiano Face 30

O texto que coloco hoje (seria um poema?) é daqueles para ser decifrado e curtido no deleite de quem se sente apaixonado...e descobre que esta amando!


                                                             *


Tenho-te em cada momento no meu pensamento, de todas as formas, de todos os jeitos.

Em minha mente e em meu coração, tens sido a minha plantação e a minha colheita.
Anseio-te presente como fruto e semente, terra fértil em que depositarei as doações do meu amor.

Colho-te pessoa quando me lembro do equilíbrio com que me sacodes,
fazendo com que eu aquiete minhas ansiedades, transcendendo-as em diretriz e futuro,
graças a ti um sonho desenha-se possível neste meu viver maduro.

Colho-te pessoa quando escuto teus estímulos aonde me fazes ponderar meu próprio amanhã,
e percebo o acerto do teu pensamento: antes de sermos nós,
é necessário que realizemos um caminho com os pés bem apoiados, em terreno firme.
Que assim seja, plantarei minha solidão na mesma esperança em que plantares a tua.

Hoje, agora, neste instante, revivo em minha saudade os momentos em que redescobri a vida.

Seja naquele primeiro instante em que te vi e meus olhos pareciam prisioneiros de uma visão que me maravilhava,
Saboreada entre encanto e gula, talvez, meio desavergonhado,
por querer me aventurar ao sopé de cada seio, para escalá-lo com minha boca até o cume,
onde degustaria os teus sabores.

Seja pelos momentos em que pela vez primeira nos tocamos enquanto dançávamos
e um frenesi andou fervilhando no meu corpo, despertando uma paixão arrebatadora,
com uma força sensual que me atordoou,
e, então, percebi, nas sensações que me atropelaram, nos beijos embebidos de nós dois,
que eu estava cativo de nós dois.

Seja pela ansiedade que habitou os meus sentidos quando pela vez primeira
meu corpo fez do teu a sua morada e teu corpo transformou o meu num poço de desejos.
Sou-te súdito quando me dôo à tua amorosidade.
Sou-te rei quando te busco plebeu por colher os odores liquefeitos da tua sexualidade,
e me entrego te tendo nas sublimações de nós dois.

Por isto e por tanto mais que anseio ainda por descobrir,
anseio-te em minha vida em todos os momentos, a cada segundo,
almejando-te companheira, amiga, conselheira e amante,
para que eu possa alimentar dia a dia o sentimento que me veste: eu te amo!

Poema escrito em 2010.

Cotidiano Face 29

Aspirações

Nem só de poesia vive um homem apaixonado,
mas nela extravasamos as complexibilidades dos nossos sentimentos e dos nossos sentidos,
enquanto sonhos, enquanto vivências,
ou desejos irrealizados,
ou ainda...saudade.


No meu caso disfarço as minhas ansiedades, e necessidades, habitando os mais inusitados hospedeiros:
às vezes sou peixe, e mergulho sorrateiro, senão aventureiro, pelos parasidiácos mares do teu corpo, onde, esquecido dos ditames da vida, me deixo ficar e absorvo os teus mistérios;
às vezes sou borboleta, e fico esvoaçando acima dos teus cabelos, desapercebido, para de repente dar rasantes e beijar sutil o entremeio gentil do teu pescoço, atraz da mais bela das orelhas, só para ver-te entremecer entre gozo e arrepio, no mágico empinar do pico dos teus seios;
às vezes sou um escorpião impertinente, imaginando-te um deserto arenoso, quente e movediço,
em que é preciso ser leve e paciente para se poder caminhar, adentrar, peregrinar,
e em dádiva descobrir o portal das tuas doações, num óasis de cristalinas emoções,
onde transmudarei como o mais leal dos beduinos, para poder merecer beber e lavar meu corpo ímpio,
nas cálidas transparências das tuas áquas e me purificar;
às vezes sou um leopardo, entre adormecido e preguiçoso, semi deitado nas regalias do teu regaço,
onde, permitido, simulo os bocejos amanhecidos da consumida paixão,
sabedor que sou da ventura vivenciada, me mantenho por perto, acoitado,
na premissa de quem deseja colher o desfrutar de todos os beijos, oriundos dos teus desejos;
às vezes sou um colibri, apetecendo saciar minhas sequiosas buscas por beber dos teus sabores,
e me aventuro altaneiro por lugares dantes invisitados,
bandeirante e posseiro desta descobertas, guardo-os em minha memória enquanto essência,
para revivê-los, saborosas guloseimas, nas destidas horas da tua ausência;
e, por fim,
às vezes sou um polvo, permeando investir em todas as facetas do teu contexto, seja corpo, seja alma, massa ou espírito, ainda que em tempos afoito e pretencioso,
sejam os meus tentáculos um retratar do paradigma existencial:
que eu te seja desnecessário quando não precisares de mim,
que eu esteja enraizado em ti quando precisares de mim
 e que possas saciar em mim, por ínfima que seja, qualquer necessidade do teu destino.

Poema escrito em 2010.

CHORA SOLIDÃO

Este Livro de poemas, editado em 1984, numa edição do Autor, e teve sua capa criada pela artista plástica Yolanda Arbo, naquele momento radicada na cidade de Santa Maria-RS.

Uma aventura "literária", um desabafo, não importa...mas foi algo, inebriante pela festa, aconchegante nos amigos, naquele momento absolutamente mágico pelo descortinar de uma paixão...inesquecível para mim.

DEDICATÓRIA

Dedicado a todos aqueles que como eu vivem em função do amor, aos amigos das horas boas e ruins, à musa das desemoções que explodiu em meu peito uma orgia de sofrimentos e me fez aprender a viver.

POEMA I

Exsurgido do medo o homem palpitou sua vivência de maneira menos covarde,
e, sem preocupar-se em deleitar A ou B,
jogou suas forças no trabalho de se refazer.
Extinto permaneceu em seus sentidos o dilema eterno de seus dias passados,
em que muito mais jorrou emoções para os outros
e tão pouco habitou das mesmas suas próprias horas,
ante as negativas dos amigos/amadas não lhe retornando o calor/o amor.
Já agora procura dialogar consigo mesmo,
na ânsia de se reencontrar...
Já agora muito mais busca extasiar-se nas lisonjas alheias,
mesmo se inautênticas,
quanto ao transparecer das emoções,
do que cinemar as suas próprias,
que lhe deixavam cotidianamente profundas cicatrizes na alma.
Já agora se apresenta um menestrel andrógino de quaisquer condições,
pouco se lhe importam as vontades provindas de outros corações,
se de mulheres sedentas de carinho,
se de homens desnudos de personalidade habitados pela fraqueza do servil,
só contam seus ultimatos:
se há alguém por receber - seja ele;
se há alguém por obter a vida - seja ele;
se há alguém por alcançar o amor - seja ele;
se há alguém por amar a paixão - seja ele.

Enfim, mesmo que isso signifique,
num dia quiçá tardio,
a sua própria ruína,
algemou seus passos aos passos do ego.

POEMA II

Sofre alma bendita danada de sofrer,
que de amar tu choras,
choras
e chorarás até morrer.

Sofre coração sofrido de doar,
que de doação em doação,
te alimentas e te vives,
vivendo sôfrego para a emoção.

Sofre homem de ser humano,
irmano,
que de perdoar tua vivência explode...

...gerada febril, sem vida, sofrência,
ante a vil presença cão,
do teu perdoado
diário
humano-irmão
inumano.

...crú,
sem emoção,
morto, autômato,
sem alma com vácuo no coração.

POEMA III

Que me gere anti-ódio,
chamado amor, clamando a dor.
Que me seja ser parido anti-amor,
chamado ódio, clamando ego em posse.

Que ser poeta é desconhecer horizontes,
buscar infinitos,
e, achar tantas, tantas, tantas concessões
quantas forem as nossas emoções.

Que eu seja o filho,
pai,
avô,
irmão,
pleno ou nú de concepção.

Que eu seja o verme,
fruto,
pão,
átomo,
e flor,
gerando sutil o nascer do amor.

POEMA IV

Cobra teu sumo de vivência, irmão,
que o que te negam
a outro dão.
Que o que te matam diária dia a dia
a outro vivem hora segundo ano a ano.

Cobra tua coima, que o jogo é bruto,
que o adversário é fatal
e seu veneno é hipocrisia de amizade letal.

Cobra, não destoa da humanidade,
é imagem falça,
mera miragem,
a morena bela, vênus, núa,
se entregando imagem desejável.

Cobra, é pagável pela vida,
o dinheiro que comprará tua crença,
tua honra e tua dignidade,
vendendo-te inumano inumanidade.

Vende-te, é transformável pela vida
a hóstia cristalina de teu destino
ao desterro frio desta vivência humana soledade.

POEMA V

...adoidando.

Caminha caminhando no despraiado quente de meu corpo pleno de vida,
ó maldinha sina,
que calaste com tua vivência vivida sofrência
o almejo almejado de amor tão grande,
facultando este antibondade,
antivida,
antipoesia,
antinostalgia,
anticanção,
cao sarnento germinando morta matando pró hipocrisia.

Rasteja teu corpo em minha morada caiada de volúpia
que a tempos te espero par matar vivendo,
prá viver sonhando sonhar,
prá sonhar morrendo morrer,
prá morrer ressuscitando ressuscitar
e impuro maluco víbora em teu retrato também te amar.
Rato sigo teu signo florescido de antiamor
gerando a fescinina maviosa
desabrochando dor dorida de doer;
vendo-te nascer, nascendo vencido de teu ventre podrido.

Doando-me doei-me a tua malfadada glória,
estúpido me entupi de desgostos,
egoísta afundei no esgôdo ego
e morto me entreguei em vida.

POEMA VI

Sonho...
Meu corpo paira no ar do encantamento,
sente vibrar aconchegado a si um outro neste momento,
e chora, canta, ri,
e pasma;
é tanta a sua emoção
que se põe louca a sua vida
ante a ventura obtida.

Acordo...
Deus! Quedo sofrido,
o coração se põe dorido,
pois estou como sempre...plenamente só.

O aconchego foi ilusão,
nasceu esperança de minha percepção,
e, nula,
deixou-me no êrmo da solidão...sem dó.

POEMA VII

Lá me vou poeta buscando alcançar minha meta:
- que serei ao fim desta estrada?
- que terei gerado ao fim desta vivência?
- que me terá restado como conquista do passado?

Terei alcançado minha ânsia,
de me tornar poeta, ou abandonarei a meta,
seguirei outro caminho
que me seja menos rude e daninho.

Gerarei límpidos poemas retratando amor,
saudade e simpatia,
ou, entregando-me prostituído a pornografia,
darei vida fescinina a esta rasteira felonia.

Me habitará a saudade quando vetusta idade
me pesar nos anos
e cotidianamente buscarei voltar ao momento de agora,
ou, afundar-me-ei na lama das torpezas,
buscando o esquecimento atroz.

POEMA VIII

HOMEM! Erra...não importa,
erro é lição, é conceito presente
de medida mal tomada que conduz ao revéz
mas também à ambientação.

Procura ambientar-se em tua própria vivência,
conhecer-te,
analisar-te,
que alcançarás tua própria íntima convivência.

Sofre - sofrimento é concepção.
Não importa a extenção da dor que te atinja,
mas finja, sorrindo, se puderes,
que irradiarás paz em outro coração.

Indaga, da alma, da vida,
do pensamento humano,
que o homem sem conhecimento é ébrio,
selvagem, inumano.

Ama, e perdura em teu íntimo esta chama,
que te inebria,
que te satisfaz,
que te aninha,
e que, em ti, gera a nascitude da poesia.

POEMA IX

HOMEM - busca teu horizonte.

Deves dar um sentido, de ti vertido,
a tua vivência
a fim de que esta se torne tua total essência.

Estavas perdido no negrume opaco de teu íntimo pervertido...

Agora, porém, já caminhas.
A luz da esperança brilha em teu olhar,
e força, busca
e destino palpitam em teu almejar.

As farramagens da vida inconsequente já não te atraem,
eis que encontraste teu caminheiro,
siga-o, pois, bom companheiro.

É certo - já não terás nada gratuitamente posto em tuas mãos,
conhecerás as agruras de um destino,
mas terás compreenção em tua percepção.


Tua vida palpitará febril nos vais e vens de tua concepção
que enfim terá sentido.

POEMA X

Lá me vou solitário levando no pensamento
o transbordar do poema tão vário...

Sou poeta, sou amada meta...

Busco minha origem, busco meu presente,
que ao futuro caminharei e o fecundarei.

Sou humano, sou coração, sou rútila seta
buscando sua fecundação: ser poeta.

Que me seja dotado ser um riacho cristalino,
aqui menino, acolá vetusto,
mas sempre peregrino
em busca de seu destino.
Que me gere pois poesia, lírica,
amante, nostalgia.

Que me gere pois vivência, sagaz, plena,
e que se eu não alcançar ser plenamente poeta
seja a infelícia a minha penitência.

Mas o serei...que eu caminhe, caminhando,
caminharei,
e em minha vida o sentido absoluto de ser poeta,
fecundando,
fecundarei.

POEMA XI

Lá me venho poeta, apostando tudo,
ganhando nada.

Que ser poeta é doar-se em troca de nadas,
mesmo a poesia se faz tão desejada
e nos consome com sua volúpia,
sugando cada suspiro,
depois de nós se afasta como se não nos devesse sua trajetória,
como se não fosse nossa também a pequenaz glória.

Ah! Maldida sina.

Jogue fora, poeta, a tua memória,
faça de conta de que morres para os versos,
que tua meta se alterou,
já não sejas - poeta - sejas o esquecimento atroz,
a vivência erma,
a sofrência plena.

Afinal - quem se lembra de tua escrita - todos,
a tua palavra quem a guardou - todos,
e em tua vida quem viveu dores e alegrias ?
...somente tu.

POEMA XII

Fechado ante as grades instransponíveis do meu desejo,
tenho enraizado em meu íntimo
o sentido de ser poeta.

Canto o homem do mundo.
O futuro e o passado,
e sinto cá na alma, fundo, bem fundo,
o sentido profundo de ser o que sou:
...homem e poeta.

Idolatro a vida, aceitando-a como é,
assim plena de espinhos,
assim plena de felicidades, e é abraçado a poesia
que trilho meu caminheiro.

É meu destino...

Na poesia me desligo, me entrego, me multiplico,
cá me sinto velho, moço, menino,
e deixando de lado o ego
canto o verdadeiro:
que não seja o primeiro, sim o último;
que eu não seja apenas um homem vivência afora,
que eu tenha a consciência plena
de gerar  o que gero - poesia,
de ser o que sou - poeta,
de falhar o que falho - homem!

POEMA XIII

Na relva cresce a flor da solidão,
colhem-na aqueles que traídos permanecem só,
ou,
os inibidos, como eu, que se tornam poetas.

Aos primeiros resta a esperança de um reencontro,
no perdão,
ou, no renascimento para um novo amor;
aos segundos, como eu,
reza-se eterna a nossa soledade,
pois mesmo em plena felicidade
buscamos ficar sós
para darmos vazão da nossa gestação.

É o ego poeta se libertando em busca de sua aspiração,
antes ele ama a sua poesia, sua afirmação,
depois busca viver o que lhe dita o coração,
nascendo para a vida e o amor.

POEMA XIV

É minha a culpa...é minha a culpa.

Que me abandone a paz,
que me enloqueça o pensamento,
que meu íntimo se povoe de obsessões
e meu coração desconheça a bondade.

Que meu caminhar seja ermo
e minha vivência um deserto frígido,
sem siquer pequenaz oásis a alimentá-la de esperança,
mas que seja límpida a minha escrita.

Que culpa tem o poeta se o homem erra,
peca
e e é imoral;
que culpa tem a poesia se o homem se traduz fescinino
e busca criá-la a sua imagem.

Seja minha pois a culpa - do homem,
seja meu pois o perdão - do poeta,
e sejas TU pois o juiz - DEUS!

POEMA XV

Divaga vivência - lança ao mundo tua eterna promessa,
tua plena estrada,
de conduzir de igual para igual
o distribuir de tuas emoções.

Não te omitas, lança teu brado,
procura escutar o eco
que os ventos das humanas vidas te devolverão.

Julga, então, vê se fostes plenamente honesta,
se não destes mais amor aos teus amigos
e mais ódio aos teus inimigos.

Vê se tuas condições de luta não foram desiguais,
habilitando aos fortes de mais armas e arrogância,
punindo aos fracos como menos sobrevivência
e
mais frustação.

POEMA XVI

Andorinha da saudade que habita minha morada
aonde foi que deixei a esperança
tristemente jogada...

Porque seguir assim tão maltratado pelos árduos caminhos da vida,
se é pelo amor e para o amor
que alimento o cinemar da minha existência.

Porque permanecer assim tão vencido pelas agruras da escalada humana,
se é pelos homens e para os homens
que habito paz na doação de cada dia.

Porque estacionar meu viver cotidianamente no estacionamento da dor em marés de pânico,
se é pela felicidade e para a felicidade
que jorro riacho cristalino o meu amor.

Andorinha...andorinha da saudade,
traz-me de volta a minha realidade, de outrora,
que eu não só doe a emoção, qual agora,
que ela também habite em minha verdade:
-que eu possa reserenar em um oásis de paz,
que eu possa retornar a receber as carícias de um outro viver;
que eu possa reacompanhar os passos de um outro amor.

POEMA XVII

As horas continuadas da existência
vão-se filtrando por entre as mãos,
dedos afora,
e, eu, só,
neste habitat da saudade,
em que se permanecem as minhas emoções,
aviltadas de tédio e desamparo.

Saudade...flor a sangrar-me o desejo
de retornar a outrora,
quem me dera pudesse volver ao passado tempo viajor,
em que alicerçado aos meus braços
estavam os elos do amor,
na corrente do destino.

Ó Deus das venturas humanas,
habita novamente o meu viver com o fausto da felicidade,
não me deixa assim, jogado nos braços da dor,
nesta vida sem amor...nem fecundidade.

Quem sou eu

Minha foto
Sou Nedi Nelson, como profissional abraço a contabilidade e nesta me realiza a auditoria; como pessoa sempre sublimei ler e escrever, a poesia é lugar comum, hoje vivencio o romancear; como hobby e paixão descobri as orquídeas, o estudo, o cultivo e por fim o descortinar de suas florações..e eis que minha alma transcende o poetar. Viver o entreabrir de uma orquídia me é palco sensível para deixar fluir o poema. A idéia é criar três seções específicas, uma para partilhar a palavra escrita, seja por meio de poemas, contos ou romance, estejam publicados ou não, que venham a ser publicados ou não; outra para cultuar, via fotografias e textos, as minhas orquídeas; e outra para falar de minhas viagens, via fotografias e textos, seja quando a trabalho nos contextos da auditoria, em minhas folgas, seja especificamente a lazer .

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