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domingo, 28 de fevereiro de 2010

Cotidiano Face 29

Aspirações

Nem só de poesia vive um homem apaixonado,
mas nela extravasamos as complexibilidades dos nossos sentimentos e dos nossos sentidos,
enquanto sonhos, enquanto vivências,
ou desejos irrealizados,
ou ainda...saudade.


No meu caso disfarço as minhas ansiedades, e necessidades, habitando os mais inusitados hospedeiros:
às vezes sou peixe, e mergulho sorrateiro, senão aventureiro, pelos parasidiácos mares do teu corpo, onde, esquecido dos ditames da vida, me deixo ficar e absorvo os teus mistérios;
às vezes sou borboleta, e fico esvoaçando acima dos teus cabelos, desapercebido, para de repente dar rasantes e beijar sutil o entremeio gentil do teu pescoço, atraz da mais bela das orelhas, só para ver-te entremecer entre gozo e arrepio, no mágico empinar do pico dos teus seios;
às vezes sou um escorpião impertinente, imaginando-te um deserto arenoso, quente e movediço,
em que é preciso ser leve e paciente para se poder caminhar, adentrar, peregrinar,
e em dádiva descobrir o portal das tuas doações, num óasis de cristalinas emoções,
onde transmudarei como o mais leal dos beduinos, para poder merecer beber e lavar meu corpo ímpio,
nas cálidas transparências das tuas áquas e me purificar;
às vezes sou um leopardo, entre adormecido e preguiçoso, semi deitado nas regalias do teu regaço,
onde, permitido, simulo os bocejos amanhecidos da consumida paixão,
sabedor que sou da ventura vivenciada, me mantenho por perto, acoitado,
na premissa de quem deseja colher o desfrutar de todos os beijos, oriundos dos teus desejos;
às vezes sou um colibri, apetecendo saciar minhas sequiosas buscas por beber dos teus sabores,
e me aventuro altaneiro por lugares dantes invisitados,
bandeirante e posseiro desta descobertas, guardo-os em minha memória enquanto essência,
para revivê-los, saborosas guloseimas, nas destidas horas da tua ausência;
e, por fim,
às vezes sou um polvo, permeando investir em todas as facetas do teu contexto, seja corpo, seja alma, massa ou espírito, ainda que em tempos afoito e pretencioso,
sejam os meus tentáculos um retratar do paradigma existencial:
que eu te seja desnecessário quando não precisares de mim,
que eu esteja enraizado em ti quando precisares de mim
 e que possas saciar em mim, por ínfima que seja, qualquer necessidade do teu destino.

Poema escrito em 2010.

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Quem sou eu

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Sou Nedi Nelson, como profissional abraço a contabilidade e nesta me realiza a auditoria; como pessoa sempre sublimei ler e escrever, a poesia é lugar comum, hoje vivencio o romancear; como hobby e paixão descobri as orquídeas, o estudo, o cultivo e por fim o descortinar de suas florações..e eis que minha alma transcende o poetar. Viver o entreabrir de uma orquídia me é palco sensível para deixar fluir o poema. A idéia é criar três seções específicas, uma para partilhar a palavra escrita, seja por meio de poemas, contos ou romance, estejam publicados ou não, que venham a ser publicados ou não; outra para cultuar, via fotografias e textos, as minhas orquídeas; e outra para falar de minhas viagens, via fotografias e textos, seja quando a trabalho nos contextos da auditoria, em minhas folgas, seja especificamente a lazer .

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