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quinta-feira, 27 de novembro de 2014

COTIDIANO FACE 36

Este provavelmente é um recado para mim mesmo.

Existem alegrias tão intensas, mas tão intensas,
que temos ciúmes de deixarmos que aflorem aos olhos do mundo.
Não é por nada que muitas vezes as pessoas nos pegam sorrindo sozinho,
Em íntima recordação.

Há um universo nestes sorrisos furtivos, cativos de nos mesmos,
São frutos de mensagens da alma.

A felicidade se alimenta de simplismos,
Sobrevive em pessoalidades inatas, por  vezes  insondáveis,
Nos corriqueiros vivenciais.
Nem em todos, porém, apenas em pessoas que trazem dentro de si
 o estar em paz consigo mesmo!

Então, copiamos de alguém.

Não tenho tudo que quero, mas amo tudo que tenho!

Simples não é mesmo?!

...se bem que adormeço dentro de mim um sentimento!

Terezina, 14 de novembro de 2014-11-14


COTIDIANO FACE Nº 37

Muitas vezes me faço silêncio,
nestes momentos minha alma me atribula mensagem de inquietude...

Silêncios prolongados podem ter muitos significados,
Dentre eles a necessidade de manter  a boca fechada, também a palavra escrita,
Para não trazer para a sua vida problemas que não são seus;
Ou, por outro lado, podem revelar indiferença
E egoísmos,
No mais trivial dos dane-se que a vida é tua;
Ou, ainda, o domínio da conjuntura do medo,
Na mais antiga das premissas,
Onde tua mente mantém em pergunta um alerta:
- onde rebenta a corrente?
Sabemos, evidente, no elo mais fraco...

Bem por isso continuamos enquanto povo admitindo desgovernos
E canalhices.

Ou, entra em cena a pujança do nosso umbigo na proteção das nossas,
Ainda que por vezes  pequenas, regalias...

Tantos precisam de muito,
Tantos precisam de pouco,
Para viver a vida,
Para ver a vida passar sob sua janela,
Cada qual com suas escolhas,
Mas, sempre existe um mas,
Ainda que nosso mundo sejamos grande,
Ainda que pequenos aos olhos de outros mundos,
Cada um de nós protege como um leão a demarcação do seu modus vivendi:
- não mecha no meu queijo,
Hei, alguém mexeu no meu queijo...

Tudo isso para expressar uma obviedade,
Estamos tão preocupados com nossas perdas caseiras,
Com nossos ratinhos domésticos,
Que deixamos passar incólumes de reação
As perdas elefantérrimas que nossos governos, todos eles,
Nos tem imputado vida afora.

EU...estou cansado,
E puto comigo mesmo,
Na visão da herança que estou ajudando a deixar aos meus filhos e netas.

Por isso a emoção não aflora,
Por isso a palavra se torna silente,
Por isso este gosto amargo na boca,
Pois me condena a pior das condições,
Sou devedor por omissão,
Não por desconhecimento,
Não por cegueira, assim fosse, poderia ser perdoado!

Na angústia de identificar o momento que vivo,
Busco me entregar ao mea culpa, e assim fazendo,
Pudesse, pediria perdão a todos os filhos da minha geração!

...não podendo, precisei calar por dias estas palavras e verdades,
que meu coração e minha mente, exigiam deixasse vir a tona.

Culpa...mea culpa...toda uma vida!
Protegendo-se,  almejando proteger,
Num calar sitiado de medos,
Numa inércia enraizada em vazias postergações,
Para perceber agora a inutilidade disto tudo,
Porque deixei de lutar e acreditar nas mudanças das quais poderia ter participado,
Desde minha juventude, quando o trauma das violências de uma ditadura,
Me fizeram criar barricadas protecionistas para mim e os meus,
Não na irmandade, na justiça e na humanidade,
Mas no egoísmo, na indiferença e no desamor pelo humano ao meu lado!  

Sim, minha geração rendeu-se e perdeu a capacidade de reagir!
EU...talvez um culpado maior, porque percebia e via o que acontecia,
E sempre calei...ponderando sobrevivência!

...bem poucos, da minha geração, poderão jogar a primeira pedra!

Campo Grande, 27 de novembro de 2014.


Quem sou eu

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Sou Nedi Nelson, como profissional abraço a contabilidade e nesta me realiza a auditoria; como pessoa sempre sublimei ler e escrever, a poesia é lugar comum, hoje vivencio o romancear; como hobby e paixão descobri as orquídeas, o estudo, o cultivo e por fim o descortinar de suas florações..e eis que minha alma transcende o poetar. Viver o entreabrir de uma orquídia me é palco sensível para deixar fluir o poema. A idéia é criar três seções específicas, uma para partilhar a palavra escrita, seja por meio de poemas, contos ou romance, estejam publicados ou não, que venham a ser publicados ou não; outra para cultuar, via fotografias e textos, as minhas orquídeas; e outra para falar de minhas viagens, via fotografias e textos, seja quando a trabalho nos contextos da auditoria, em minhas folgas, seja especificamente a lazer .

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