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sexta-feira, 16 de maio de 2014

Cotidiano Face 18


E aqui estou eu, acomodado junto a uma cafeteria no aeroporto de Guarulhos, aguardando meu voo pela Azul...a uns trinta minutos enquanto degustava um expresso daqueles longos, como é de praxe, meu olhar curiosamente perscruta os arredores. E observo...
Passados alguns instantes uma jovem senhora, diria beirando os quarentinha, senta-se numa das cadeiras junto a mesa, na minha frente, respira fundo e fica na expectativa por uns momentos, talvez, pensando no que fazer.
Logo abre um Tablet e começa se divertir, me parece estar deslizando em postagens do Face. Dá para perceber uma alegria luminosa nos seus olhos, é feliz e seu aspecto transmite esta condição. Me perguntariam, é linda? Eu diria, mais que linda, é interessantemente bela, transparece segurança e tranquilidade.
As suas costas existe uma outra mesa até então desocupada, mas neste momento começa a ser ocupada por um jovem executivo, tal como ela, deve estar na casa dos trinta e cinco a quarenta anos.
                Ao mesmo tempo em que acomoda seus pertences na cadeira ao lado da que vai ocupar, dirige-se a atendente da cafeteria que aguardava por ali para nos atender, em voz clara e bom tom:
- Moça...por favor.

                Que choque levou a mulher a minha frente, se endireitou na cadeira, por segundos ereta, estática, sublimou algum reconhecimento em sua mente, pude acompanhar o nascimento de um amplo sorriso nos seus lábios, numa evidente demonstração de satisfação.

Lentamente começou a girar a cabeça para olhar trás, ao terminar o giro, observou e viu um homem de cabeça baixa, ajeitando alguma coisa.

                Foi num pulo que levantou, girou e quase gritou: Marcelo!

                Bom, o cidadão arregalou os olhos, deu um passo para trás, e observou, eu diria, um tanto preocupado, mas assim que reconheceu a origem do chamado, e, de quem partira, olha,deve ter passado muita emoção para a mulher, pois seu rosto resplandeceu simpatia, numa inequívoca alegria, e disse: Marisa!

                 Os dois quase que pularam um nos braços do outro, silentes, permaneceram  num abraço apertado, de sintonia. Aos poucos se afastaram, seus olhares como que prisioneiros de uma mesma urgência se rendiam a uma necessidade de consentimento. Suas palavras identificaram suas idênticas realidades:

- Há quanto tempo...que saudade!

                Bom, deste momento em diante eles perceberam que estavam chamando a atenção, se recolheram a um palavrear baixinho, onde mãos, sentidos e doações não sabiam onde se colocar.

                E eu, ali, totalmente discreto, vocês imaginam, ainda pude identificar algumas palavras, do tipo: o que, estás indo pra Recife, maravilha, eu também. Uma semana, ótimo, eu também.

                Pra terminar, não demorou muito e chamaram o voo em que viajariam, lá se foram, não tive nenhuma dúvida, na sensualidade irradiada, nesta semana vindoura Recife vai testemunhar o saciar de fomes,  dois famintos uniram suas carências, estão se dando o direito de conceber uma das facetas mais humanas do nosso viver.

                E não é que minha mente meio que produziu analogias, seriam reais as minhas percepções, ou serão mensagens incontestes de insondáveis  desejos...e, eis poesia, ou não!

                                                                              *

Quando você degustou saborosamente uma fruta,

Pode chamá-la de sabor,
E não tenha pudores ao reencontrá-la,
Estando, alí, alimente-se,
Condense sua fome, coma da fruta até o caroço!

É com sede que devemos saciar a fome,
É na fome que saciamos a sede...

Como na leitura de um oráculo,
Entenda o sentido não escrito,
Conjugue o verbo existir no presente...existo!
Temporiza...pressinto!

Quem me dera, ah...estou faminto!

O coração é a morada do sentimento,
Mas é a mente que o aquece permitido,
Ou o soterra desvalido.

Palavras que permeiam sem sentidos...sentidos têem!
     

                 Guarulhos, 18:45 horas, 22/08/2013
 

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Quem sou eu

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Sou Nedi Nelson, como profissional abraço a contabilidade e nesta me realiza a auditoria; como pessoa sempre sublimei ler e escrever, a poesia é lugar comum, hoje vivencio o romancear; como hobby e paixão descobri as orquídeas, o estudo, o cultivo e por fim o descortinar de suas florações..e eis que minha alma transcende o poetar. Viver o entreabrir de uma orquídia me é palco sensível para deixar fluir o poema. A idéia é criar três seções específicas, uma para partilhar a palavra escrita, seja por meio de poemas, contos ou romance, estejam publicados ou não, que venham a ser publicados ou não; outra para cultuar, via fotografias e textos, as minhas orquídeas; e outra para falar de minhas viagens, via fotografias e textos, seja quando a trabalho nos contextos da auditoria, em minhas folgas, seja especificamente a lazer .

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