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quinta-feira, 15 de maio de 2014

Cotidiano Face 10


No espaço de dias três histórias de amigos, então distantes, me chegam ao conhecimento, de uma maneira ou de outra, todos afogaram suas mágoas e perdas ou no álcool ou nos entorpecentes.

                Dois já se foram desta para uma melhor, espero, um ainda luta, pelo que soube trata-se de uma luta inglória, desigual, sua condição é terminal e não tem volta.

                Fiquei, confesso, mais que triste, meio que tomado por uma decepção beirando a fúria, pois, na minha concepção, eles, dois homens e uma mulher, não poderiam ter se dado ao desplante de ceder a dor a tal nível, buscando afago na perdição do se fazer esquecimento:  álcool e tóxico!

                Então começou a nascer este quase poema...

                                                                                              *

Marginando o viver sem conceber a vida,

Apagando no tempo os passos que não aconteceram nem acontecerão,

Por absoluta incapacidade de reagir,

Assim percebo tantos de nós,

Nas instâncias acometidas do descaminho,

Alienadas almas do desproposito

Que permeiam respirar, acordar, comer, dormir e...excluir-se!

 

O que estarão fazendo nesta vida se a partir de um determinado fato apenas sobrevivem

E não se apegam a mais nada,

Se degeneram em entregas dissolutas,

Onde lhes são deuses os ópios facetados dos entorpecentes terminais.

 

Se por um lado dá pena, na verdade me enraiveço,

Por ver um viver sendo jogado na sarjeta,

Consumido pelas chagas de extrema e fatal entrega,

Em que se reportam ao subjugar da dor,

E se tornam culpados pelas lágrimas nunca derradeiras daqueles que os amam,

Pois perderam a noção do que é o amor!

 

Enfim, quem dá valor a vida,

Não a desperdiça em torpes esquecimentos,

Muito melhor seria chorar e gritar seus lamentos.

 

Quem dá valor a vida

Não a desperdiça com destemperos emocionais,

Procurando horizontes que beiram a insanidade,

Melhor seria terem virado a página

E partido em busca da felicidade,

Ainda que em outro lugar ou com outra pessoa...

 

Valha-me Deus a tristeza destas desventuras,

Habitar tais universos

É sofrer tantas vezes a mesma dor,

É arrancar tantas vezes a mesma decepção,

É derramar tantas vezes as mesmas lágrimas

E repor tantas vezes o mesmo amor!

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Quem sou eu

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Sou Nedi Nelson, como profissional abraço a contabilidade e nesta me realiza a auditoria; como pessoa sempre sublimei ler e escrever, a poesia é lugar comum, hoje vivencio o romancear; como hobby e paixão descobri as orquídeas, o estudo, o cultivo e por fim o descortinar de suas florações..e eis que minha alma transcende o poetar. Viver o entreabrir de uma orquídia me é palco sensível para deixar fluir o poema. A idéia é criar três seções específicas, uma para partilhar a palavra escrita, seja por meio de poemas, contos ou romance, estejam publicados ou não, que venham a ser publicados ou não; outra para cultuar, via fotografias e textos, as minhas orquídeas; e outra para falar de minhas viagens, via fotografias e textos, seja quando a trabalho nos contextos da auditoria, em minhas folgas, seja especificamente a lazer .

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