E eis-me aqui curtindo este inverno gaúcho, quatro graus
agora aqui em Cachoeira do Sul, e dando graças por poder, neste momento,
amenizar a sensação térmica num acalorado quarto de hotel, onde um ar
condicionado funciona na sua máxima caloria, e me dou o direito de curtir uma
música que me vem a mente, busco-a no youtube, e eis USA FOR AFRICA, de anos atrás. Vocês, claro, estão lembrados
do motivo da sua gestação, da emoção que
liberou mundo afora, das lágrimas
teimosas que desceram em nossos rostos. Ao ouvi-la, uma pergunta se sobrepõe em
minha mente, e só houve um meio de calar sua imperiosa necessidade de resposta.
Escrever. E a pergunta foi: - Estará o
ser humano soterrando sua humanidade?
O
porquê da pergunta, simples, para onde quer que a gente se vire em busca de uma
notícia, o que colhemos são barbaridades, inumanidades, irracionalidades, fatos
contundentes contra tudo e contra todos.
Na real, vejam, pensem,
atentem aos noticiários, na TV, nas rádios, nos jornais, nas revistas, as
contundências que nos são diuturnamente jogadas na cara.
POIS:
Contundente é a forma como muitos tratam seus animais de
serviço, leia-se carroceiros nas mais diversas cidades brasileiras;
Contundente é um poder público premiar pessoas do povo,
carentes de educação e trabalho, na sanha assassina de matar cães de rua,
leia-se uma tragédia paraense;Contundente é a mentira deslavada que cada um dos políticos de má índole utiliza para manipular e enriquecer a custa de verbas públicas que são sonegadas a saúde e a educação, leia-se Brasil;
Contundente são as mortandades de irmãos ceifando a vida de irmãos, tendo por desculpa um objetivo maquiavélico, o poder, e muitas vezes por trás deste a indefensável defesa de uma facção religiosa, por estes dias, leia-se Síria num banho de sangue no ceifar de vidas inocentes (estes acontecimentos é que me lembraram a música);
Contundente é um assalto a um jovem estudante, no roubo do seu celular, que grita ao ser roubado sem ter noção do risco(eu te conheço rapaz!), e é brutalmente assassinado com um tiro no rosto, leia-se um infeliz menor de idade sonegado de amor por viver num ambiente saturado de indiferenças numa das periferias de alguma cidade brasileira;
Contundente é um marginal ao qual identificam como se fosse um homem, que brutaliza, estupra e assassina uma criança de onze anos de idade, impiedoso animal racional que se torna algoz do amor na perdição de pais que se penitenciam no ópio dilacerante do ódio, leia-se uma chaga aberta nos tortuosos labirintos das doentias mentes humanas que os nossos dias produz aos montes.
Massacrante,
não é mesmo, talvez por isso é que muitos criam seus mundinhos particulares, Eu
os meus e que se exploda o resto, desta forma nos transformamos em seres
umbigais, na convicção de que só assim nos protegeremos, portanto nos vestimos
de indiferença, e deixamos o universo humanidade a deriva, dando espaço para o florescimento
do mal, creem: - Deus desistiu de nós!
Será?
Estaremos,
então, fadados ao extermínio, assim puro e simples, como o podemos perceber nas
entrelinhas das nossas perdições, na ausência do mais humano dos sentimentos, o
amor!
Então,
chegamos ao x da questão, é hora de cada um de nós fazer o mea culpa, reler a
nossa realidade, rever os espaços em que singramos nossas atenções e começar a
mudar os limites dos nossos horizontes.
Para
mudar este quadro, e expurgar a maldade que crassa espúria entre nós, por
incrível que possa parecer, é simples, basta quebrar nossos internos paradigmas
de complexidade e começar a ver, sentir e viver o mundo que nos rodeia na
qualidade de iguais.
Afinal somos todos irmãos, é
preciso dar um basta a esta colcha de retalhos que hoje separa as pessoas e os
povos, seja em nome de uma pátria, da religião, da cor da pele, de classe
dominante, do ser rico na abastância de bens materiais quando o que importa de
fato é a riqueza humana no sentido de ser gente na acepção da palavra e,
finalmente, a espiritual que nos realiza transcendentais almas por depurar,
nestas renovadas vivências em retornos carnais.
Utopia,
dirão!
...entendo.
Neste caso que venham as
contundências cotidianas, estamos fadados a colhê-las notícias, eventualmente,
até o dia em que elas cairão sobre nós, não mais seremos assistentes, e sim
vítimas. É, mas outros umbigos estarão nos observando, tal como nós nos dias de
hoje!
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