Hoje, neste momento, estou em
Santa Maria, já havia pernoitado na cidade na noite de terça-feira, mas, para
tal, quando da chegada, enfrentei um congestionamento enervante até chegar e ultrapassar a rotatória existente
na rodovia São Sepé/Sta Maria, depois resolvi passar pelo centro da cidade,
tudo trancado, motorista com nervos a flor da pele, tal qual qualquer cidade de
porte médio pra cima neste país...pudera, com o governo que temos.
Na manhã seguinte, viajei, e nova
tranqueira junto a uma rotatória, desta vez na rodovia que passa por Camobi, e
com destinos outros, tanto como para o meu destino, Júlio de Castilhos.
Mas
não é sobre isso que quero escrever...afinal transito conturbado é lugar comum.
Quero
falar é da saudade imensa que me habitou quando hoje a tarde adentrei na
cidade, já ao passar pelo viaduto do diabo (todo santamariense sabe a que
viaduto me refiro) senti um quê de melancolia ao rever a bela paisagem do vale
do campestre do Menino Deus.
Nem
podia ser diferente, afinal, apesar de já estar ausente da cidade a tantos
anos, beirando os vinte, jamais consegui cortar o cordão umbilical que me liga
a esta terra, pois aqui nasci, me criei, estudei, amei com todas as forças da
juventude, cheio de sonhos e casei, tive maravilhosos filhos, sofri minhas
perdas, ancorei meus dias devorando paixões e vivi com intensidade demasiada...
Depois,
por ter me permitido cometer erros quase fatais, no absurdo de ignorar todas as
minhas defesas, afogando no niilismo da soberba e da obsessão o meu
conhecimento, o discernimento e a minha inteligência, deixei-me usar... e
parti!
Quando
volto, como agora, ainda que de forma passageira, e é por um motivo de alegria,
o casamento de uma das filhas de um primo, sinto minha alma transbordar de carinho
por esta cidade, então o sentimento revigora: ...amo Santa Maria!
Mesmo vivendo longe jamais vou querer arrancar
minhas raízes das entranhas desta terra.
Acompanhei,
lamentei e me revoltei com as incontáveis tristezas vivenciadas nos
noticiários, na tragédia da Kiss.
Pois
hoje a tarde passei diante do que restou da Kiss, constatei a imagem, as
flores, as fotos, as mensagens, e, confesso, senti em meu espírito todo o peso das angustiantes energias que permanecem
como que sepultadas no local. Em minha epiderme tremores e arrepios ficaram
transitando descompassados, acordando memórias ancestrais, que só cessaram
quando lágrimas teimosas molharam meu rosto e pude dar vazão da imensa emoção
que me habitava.
Este,
Santa Maria, é um fardo teu, e sendo teu, é nosso, daqueles que amam teu
destino, pois tua dor só pode ser suportada se te alimentares com o amor dos
que te habitam.
Ou, daqueles
que, como eu, partiram mas te mantém viva nos seus corações.
Insondável
destino, te desejo Santa Maria, diante de tal tragédia, imunidade até o fim dos
tempos, coloco a ti e aos teus nas minhas orações, que Deus te proteja!
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