No espaço de dias três histórias
de amigos, então distantes, me chegam ao conhecimento, de uma maneira ou de
outra, todos afogaram suas mágoas e perdas ou no álcool ou nos entorpecentes.
Dois
já se foram desta para uma melhor, espero, um ainda luta, pelo que soube
trata-se de uma luta inglória, desigual, sua condição é terminal e não tem
volta.
Fiquei,
confesso, mais que triste, meio que tomado por uma decepção beirando a fúria,
pois, na minha concepção, eles, dois homens e uma mulher, não poderiam ter se
dado ao desplante de ceder a dor a tal nível, buscando afago na perdição do se
fazer esquecimento: álcool e tóxico!
Então
começou a nascer este quase poema...
*
Marginando o viver sem conceber a vida,
Apagando no tempo os passos que não aconteceram nem
acontecerão,
Por absoluta incapacidade de reagir,
Assim percebo tantos de nós,
Nas instâncias acometidas do descaminho,
Alienadas almas do desproposito
Que permeiam respirar, acordar, comer, dormir
e...excluir-se!
O que estarão fazendo nesta vida se a partir de um
determinado fato apenas sobrevivem
E não se apegam a mais nada,
Se degeneram em entregas dissolutas,
Onde lhes são deuses os ópios facetados dos entorpecentes
terminais.
Se por um lado dá pena, na verdade me enraiveço,
Por ver um viver sendo jogado na sarjeta,
Consumido pelas chagas de extrema e fatal entrega,
Em que se reportam ao subjugar da dor,
E se tornam culpados pelas lágrimas nunca derradeiras
daqueles que os amam,
Pois perderam a noção do que é o amor!
Enfim, quem dá valor a vida,
Não a desperdiça em torpes esquecimentos,
Muito melhor seria chorar e gritar seus lamentos.
Quem dá valor a vida
Não a desperdiça com destemperos emocionais,
Procurando horizontes que beiram a insanidade,
Melhor seria terem virado a página
E partido em busca da felicidade,
Ainda que em outro lugar ou com outra pessoa...
Valha-me Deus a tristeza destas desventuras,
Habitar tais universos
É sofrer tantas vezes a mesma dor,
É arrancar tantas vezes a mesma decepção,
É derramar tantas vezes as mesmas lágrimas
E repor tantas vezes o mesmo amor!
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