Arquivo do blog

sábado, 27 de fevereiro de 2010

POEMA XLII

Últimos poemas

               I

Na noite aconchegada, amadrugando,
vem-me, pela música transcendendo ilusões,
o ultimato das minhas emoções...

Renasço à vida,
doo-me solto por viver,
doo-me pessoa por ser,
doo-me homem por amar,
sou, o habitante noturno,
viajante da madrugada,
afogando as mágoas de mim mesmo...diurno.

Concebo os passos de uma dança sensual,
busco, fatal,
na parceira do momento,
o fim do meu lamento.

Em desalinho, o homem desfila suas enraizadas despaixões,
buscando sossegá-las no labirinto na memória,
desaudoso...

Quanta fuga vã,
sempre há uma sutileza na noite,
seja num rosto assemelhado, na melodia, mesma atrofia,
eis o renascimento da saudade.

Sobrevivo, todavia,
alimento na noite a alma,
para, em saga, transpassar o dia,
nasça, poesia, liberta o homem.

Renasço à vida,
pássaro descativo, em cantoria,
vôo no passo concebido, obtido,
ganho ao mundo,
possuo o sonho, profundo,
do homem sem grilhões,
lhe aprisionando as paixões.


                       II


Talvez até se explique esta lágrima no rosto,
anoitado,
exposto,
só o que não se explica é o porque desta solidão,
perdurando no meu coração.


                        III


Há no momento presente
a fugaz presença de um amor por descobrir
que meu instinto pressente.

Surge, qual miragem, no horizonte do meu íntimo,
desaparecendo ao ato de se tentar tomá-lo,
dando-me siquer ínfima esperança de lutar,
por domá-lo.

Como possuir o que não existe?
Como alicerçar um castelo de areia?
Porque perdurar uma chama que se alimenta do sangue das nossas emoções?
Porque não saciar esta dor, e sufocar este amor?

Se estou só, habitante do mundo,
e há silêncio no coração, melhor assim,
enfim,
há paz no cinemar da minha concepção.
...sou um homem por renascer!


                         IV


Sou sabedor da minha derrota,
sou vencedor da minha miopia,
abro os olhos teimosos de não querer ver
e me lanço à vida.

Estou liberto...pertenço ao mundo,
sou vosso.
                    

Nenhum comentário:

Quem sou eu

Minha foto
Sou Nedi Nelson, como profissional abraço a contabilidade e nesta me realiza a auditoria; como pessoa sempre sublimei ler e escrever, a poesia é lugar comum, hoje vivencio o romancear; como hobby e paixão descobri as orquídeas, o estudo, o cultivo e por fim o descortinar de suas florações..e eis que minha alma transcende o poetar. Viver o entreabrir de uma orquídia me é palco sensível para deixar fluir o poema. A idéia é criar três seções específicas, uma para partilhar a palavra escrita, seja por meio de poemas, contos ou romance, estejam publicados ou não, que venham a ser publicados ou não; outra para cultuar, via fotografias e textos, as minhas orquídeas; e outra para falar de minhas viagens, via fotografias e textos, seja quando a trabalho nos contextos da auditoria, em minhas folgas, seja especificamente a lazer .

Seguidores