Muitas vezes me faço silêncio,
nestes momentos minha alma me atribula mensagem de
inquietude...
Silêncios prolongados podem ter muitos significados,
Dentre eles a necessidade de manter a boca fechada, também a palavra escrita,
Para não trazer para a sua vida problemas que não são
seus;
Ou, por outro lado, podem revelar indiferença
E egoísmos,
No mais trivial dos dane-se que a vida é tua;
Ou, ainda, o domínio da conjuntura do medo,
Na mais antiga das premissas,
Onde tua mente mantém em pergunta um alerta:
- onde rebenta a corrente?
Sabemos, evidente, no elo mais fraco...
Bem por isso continuamos enquanto povo admitindo
desgovernos
E canalhices.
Ou, entra em cena a pujança do nosso umbigo na proteção
das nossas,
Ainda que por vezes
pequenas, regalias...
Tantos precisam de muito,
Tantos precisam de pouco,
Para viver a vida,
Para ver a vida passar sob sua janela,
Cada qual com suas escolhas,
Mas, sempre existe um mas,
Ainda que nosso mundo sejamos grande,
Ainda que pequenos aos olhos de outros mundos,
Cada um de nós protege como um leão a demarcação do seu
modus vivendi:
- não mecha no meu queijo,
Hei, alguém mexeu no meu queijo...
Tudo isso para expressar uma obviedade,
Estamos tão preocupados com nossas perdas caseiras,
Com nossos ratinhos domésticos,
Que deixamos passar incólumes de reação
As perdas elefantérrimas que nossos governos, todos eles,
Nos tem imputado vida afora.
EU...estou cansado,
E puto comigo mesmo,
Na visão da herança que estou ajudando a deixar aos meus
filhos e netas.
Por isso a emoção não aflora,
Por isso a palavra se torna silente,
Por isso este gosto amargo na boca,
Pois me condena a pior das condições,
Sou devedor por omissão,
Não por desconhecimento,
Não por cegueira, assim fosse, poderia ser perdoado!
Na angústia de identificar o momento que vivo,
Busco me entregar ao mea culpa, e assim fazendo,
Pudesse, pediria perdão a todos os filhos da minha
geração!
...não podendo, precisei calar por dias estas palavras e
verdades,
que meu coração e minha mente, exigiam deixasse vir a
tona.
Culpa...mea culpa...toda uma vida!
Protegendo-se,
almejando proteger,
Num calar sitiado de medos,
Numa inércia enraizada em vazias postergações,
Para perceber agora a inutilidade disto tudo,
Porque deixei de lutar e acreditar nas mudanças das quais
poderia ter participado,
Desde minha juventude, quando o trauma das violências de
uma ditadura,
Me fizeram criar barricadas protecionistas para mim e os
meus,
Não na irmandade, na justiça e na humanidade,
Mas no egoísmo, na indiferença e no desamor pelo humano
ao meu lado!
Sim, minha geração rendeu-se e perdeu a capacidade de
reagir!
EU...talvez um culpado maior, porque percebia e via o que
acontecia,
E sempre calei...ponderando sobrevivência!
...bem poucos, da minha geração, poderão jogar a primeira pedra!
...bem poucos, da minha geração, poderão jogar a primeira pedra!
Campo Grande, 27 de novembro de 2014.
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